Só também é bênção!

Quem pensa que estar sozinho é estar desvalorizado pode estar muito enganado!
À medida que se observa a comunidade de sós da igreja, percebe-se sua dificuldade de sobrevivência em uma cultura onde predominam os casais, onde o casamento é o ideal a ser preenchido e modelo de todo o grupo. No “mundo”, as pessoas sós não sofrem pressão, ao contrário: existem inúmeras formas de administrar a solidão e todas bem aceitas, uma vez que na própria sociedade há tendência a valorizar os sós, existindo para eles um leque cada vez maior de opções para levar a vida do jeito escolhido.
No ambiente da igreja, porém, ser só pode adquirir uma dimensão de imperfeição espiritual, de transitoriedade, de estar “pisando em ovos”, o que sempre acontece quando se é minoria. Os grupos de sós que proliferam por todo o país, são uma tentativa de organizar esse grupo, de refletir sobre a situação que todos no ambiente da igreja – ainda que de forma velada – vivenciam como incômoda.
“Para trafegar como só na comunidade evangélica é preciso ter coragem”, admite a divorciada Maria de Fátima Fontenelle, para quem os singulares ainda são vistos com desconfiança nas igrejas. Ela recomenda que a mulher só, para se preservar, não fique conversando com homem casado sem a presença da esposa e não se deixe levar pelas aparências quando for abordada por outro singular: “Temos de vigiar para não sofrer espoliação.” Fátima chama atenção para o fardo emocional das pessoas solitárias obrigadas a enfrentar o cotidiano sem ajuda de um cônjuge, tendo algumas vezes de desempenhar papéis do sexo oposto e ainda conviver dia e noite com a carência afetiva. “Mas isso não é motivo para sair por aí arranjando namorado, sem passar pelo crivo da amizade que é fundamental”, avisa.
No momento as mulheres sós da igreja enfrentam o desafio da autovalorização, concorda a presidente do movimento Oásis, Noadia Ribeiro de Almeida, que reúnem singulares de ambos os sexos na Catedral Presbiteriana do Rio. “Nossa maior preocupação tem sido evitar que as mulheres se desvalorizem, deixando a carne falar mais alto. Todas querem casar, mas não querem esperar o tempo de Deus. Ora, se Deus não der um novo marido, vai dar conformidade para realizar outras tarefas no Reino de Deus”, explica.


Para a psicóloga Rozangela Justino, do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos (CPPC), a valorização de uma pessoa não pode passar por ela estar ou não casada. “Independentemente de ser solteira, viúva ou divorciada, a pessoa que pensa que o casamento é que vai valorizá-la está fadada a um grande engano”, analisa. Equilibrada em sua condição de singular, ela recomenda calma, pois não é estando na posição de casada que a pessoa encontrará felicidade – muitos dos que projetam seus anseios e colocam sua felicidade no “outro” acabam se frustrando, pois a auto-estima e a felicidade, segundo a psicóloga evangélica, estão no viver uma vida com propósito, pautada na relação com Deus. “A partir daí, o casar será uma bênção e o não estar casado também”, diz Rozangela, alertando para o fato de que problemas de auto-estima precisam ser compreendidos de forma mais profunda, pois as causas são diversas e nunca estão limitadas à questão de estado civil. (Enfoque Gospel, Jan/2004).

*Vale a pena lembrar que o apóstolo Paulo, o evangelista Apolo, Lucas que era médico, e João prisioneiro na Ilha de Patmos, nunca se casaram e isso não interferiu nos seus ministérios. Morreram com a idade de 86, 80, 90 e 96 anos respectivamente, cumprindo cabalmente seus ministérios no Senhor!

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